*Por Miguel Lessa, sócio-diretor da BL3ND

Cinema, videoclipes, peças publicitárias. O que estas três produções têm em comum é a utilização de recursos gráficos para prender a atenção de quem assiste. A aposta em efeitos visuais é o caminho mais comum nos casos citados. No entanto, ao mesmo tempo, não é incomum surgir a frase: “Nossa, eu adorei os efeitos visuais”.

Mas muita gente confunde efeitos visuais com efeitos especiais, por não saber a diferença entre eles. Para quem está assistindo o resultado final realmente pode ser sutil diferenciar, mas cada efeito tem uma execução bem diferente uma da outra.

Os efeitos especiais (SFX) foram a primeira forma de manipulação dos filmes, e existe desde os primórdios do cinema e da televisão. Eles podem ser divididos em efeitos ópticos (quando se faz uso de manipulação de lentes e perspectiva na hora da captação), ou mecânicos (quando se faz uso de adereços artificiais tais como fogo, ventania e chuva ou até mesmo maquetes, animatronics e puppets).

Já os efeitos visuais (VFX) se tornaram o alicerce do cinema moderno, e inclui a manipulação digital do filme em pós-produção, através de recursos de CGI e composição digital. Desde o lançamento do primeiro filme Guerra nas Estrelas em 1977, tem sido cada vez mais comum o uso de VFX nas produções, e hoje não existe mais um filme de Hollywood que não tenha alguma intervenção de VFX em sua produção.

A diferença a salientar entre as duas técnicas é que enquanto os SFX são efeitos práticos realizados ao vivo no momento da gravação, os VFX são realizados após a filmagem, em cima do material já captado. As duas técnicas podem coexistir e trabalhar em conjunto, e há diretores que preferem fazer os efeitos “de verdade” na frente da câmera, e há aqueles que preferem ter o maior controle e flexibilidade de alterar a cena na pós-produção.

Um caso na publicidade que chama a atenção a esse tema, foi da Sony fez algumas campanhas para vender suas televisões Bravia, partindo da premissa de fazer incríveis fotografias exuberantes e coloridas sem o uso de VFX, tudo foi filmado da maneira tradicional contra o senso comum do que se esperaria hoje em dia.

Um outro caso de publicidade, que dessa fez uso intenso de VFX foi a campanha do Rock in Rio que o Estúdio BL3ND co-produziu. Nela, elementos de cenário e das interfaces foram digitalmente inseridos em pós-produção, sobre a filmagem em fundo croma que foi gravada num estúdio relativamente pequeno (muito menor do que o espaço visualizado dentro do comercial).

No fim, os dois universos funcionam melhor em conjunto. Ter elementos práticos no momento da filmagem ajuda os atores e a direção do filme, mas também alguns resultados são mais controláveis e viáveis na pós-produção, economizando recursos e tempo de produção. Não há efeito dominante, melhor que o outro, e como os recentes episódios de Guerra nas Estrelas nos comprovam, as duas técnicas andarão lado a lado por muito tempo ainda.